Eu acho que contrato com a Televisa, coisa que o SBT fez e agora a Record, é uma idéia idiota. Tudo bem que é uma mega corporação com penetração em quase todos os países do mundo mas mesmo assim, todos sabemos que, em produção (no sentido técnico: fotografia, cenários, maquiagem, figurino, etc) o canal deixa a desejar e se distancia MUITO do tal "padrão Globo de qualidade" que a Record almeja alcançar. E as histórias? Já vimos que scripts mexicanos abrasileirados não dão certo no Brasil, pela experiência do SBT. Mas mesmo se dessem, a Televisa não produz novela original faz MUITO tempo e 99% dos sucessos recentes do canal foram adaptações.
Por tanto, alianças com a Televisa são pointless já que a Record poderia simplesmente ir até os detentores dos direitos de tais projetos e produzir as novelas sem nenhum auxílio da companhia mexicana (como, inclusive, a maior parte do mundo faz).
Há não ser seja uma aliança similar a que as produtoras argentinas Pol-ka, Ideas de Sur e Cris Morena Group fizeram: a Televisa ajuda a financiar o projeto, tem os direitos de exportação e de adaptação mas não não se mete na área criativa.
Porém, notícias recentes sobre os executivos mexicanos metendo o bedelho e não aprovando vários detalhes de produção provam que, por algum motivo inexplicável, os bispos deram ENORME controle a corporação de Emilio Azcarrega Jean.
Mas, Televisa aparte, eu SUPER defendo a compra de formatos. Alias, não há nada mais em vogue que isso no momento. TVs do mundo todo compram formatos, dão o gostinho local para a produção e tem em suas mãos um grande sucesso. Argentina, Colômbia, Peru, México, França, Espanha, Itália, Estados Unidos, Russia, India, Holanda e Israel são alguns países que tem participado dessa brincadeira. E com grande sucesso.
Se a Globo não fosse tão metidinha, adaptar novelas para o horário das 18hs e 19hs seria uma maravilhosa solução e muito provavelmente aumentaria o ibope do horário (atualmente amaldiçoado com péssimos enredos). Imaginem Betty a Feia com produção e atores globais? Pode parecer esdruxula mas se levarmos em conta que TODAS as adaptações de Betty a Feia foram enormes sucessos (e a novela colombiana já teve mais de 15 versões diferentes), que a novela (por incrível que pareça) tem um bom roteiro e que a Globo tem total capacidade de fazer uma versão de alta qualidade a idéia não parece mais tão louca. Eu sou capaz de apostar que tal adaptação seria o suficiente para levantar a audiência das novelas de começo de noite.
Sem mais lenga lenga, vou fazer uma lista de formatos que eu tenho certeza que, se bem feitos, dariam certo por aqui:
Betty a Feia
Eu vejo audiência do mundo inteiro, leio notícias televisiva de toda parte e toda essa pesquisa que faço me ensinou uma coisa: Betty, a Feia NUNCA fracassa.
Primeiro, a versão original foi um enorme sucesso na América Latina inteira. Depois, quando a novela original já tinha dado o que tinha que dar (fazendo milagres como aumentar a audiência da RedeTV aqui no Brasil e batendo recordes em literalmente todos os outros países), todo o mundo começou a adaptar. E a Betty indiana, a Betty espanhola, a Betty grega, a Betty estado-unidense, a Betty israelense, a Betty alemã, a Betty holandesa, a Betty russa, a Betty mexicana entre muitas outras foram gigantescos sucesso em seus respectivos países. E quando eu digo gigantesco, eu falo sério. No México, o final de La Fea Mas Bella foi um dos programas mais vistos da história do país desde que começaram a medir audiência por lá. Na Alemanha, Verliebt in Berlin foi a novela diurna de maior sucesso na história. Na Espanha, Yo Soy Bea teve um share superior a 35% durante toda sua emissão (e na Espanha, qualquer programa que passa dos 20%, é considerado um enorme sucesso) e o episódio em que a feia passa por um makeover foi uma das três emissões não-esportivas mais vistas do ano no país. A história se repetiu mais de dez vezes e eu podia ficar horas citando as conquistas de cada Betty mas como eu não tenho todo esse tempo, vá lá no amigo de todas as horas, o Google, e faça a pesquisa você mesmo.
No Brasil, a Record já comprou os direitos. Vai ser parte daquele acordo esdruxulo com a Televisa. Mas, se fizer minimamente bem feito, o sucesso é mais que garantido. A Globo poderia ter chegado antes mas, metida do jeito que é, ignorando as tendencias do mercado, vai acabar levando outra surra do canal da Igreja Universal.
Pasión de Gavilanes
Os céticos vão argumentar que essa novela já foi exibida no Brasil (sob o nome Paixões Ardentes) e traçou feio.
É verdade. Mas, há não ser que você seja Betty, é meio difícil (para não dizer completamente impossível) uma ficção ir bem na RedeTV!. Principalmente quando ela é mal promovida, mal dublada e exibida com péssima qualidade de imagem.
Vamos deixar uma coisa clara: eu não sou particularmente fã de novela latina. Muito pelo contrário. Mas eu estou sendo objetivo aqui e estou deixando claro o que eu acho (ou melhor, tenho quase certeza) que daria certo no Brasil.
Porque eu acho que ela funcionaria aqui:
Apesar dos clichês, tem roteiros realmente bons e sem lenga-lenga (apesar dos brasileiros se recusarem a acreditar, os colombianos, diferente dos mexicanos, são realmente bons na hora de escrever roteiros de novela). Alias, os clichês funcionam a favor da novela, já que são daquele tipo que sempre dão certo com o público. A ambientação (num mundo meio faroeste Marlboro) é cativante. Os personagens são bem do jeitinho personagem de novela que as pessoas amam. E, finalmente, é uma novela sensual, cheia de homens e mulheres bonitos, geralmente com pouca roupa (imaginem Pantanal) mas sem passar do limite de sensualidade permitido nas novelas latinas (nossos hermanos são bem mais conservadores).
E, claro, tem uma trajetória impecável. Tirando o Brasil, onde a novela fracassou por motivos que já citei, a novela foi um estrondoso sucesso pelo mundo todo. Na Argentina (onde eles são mais exigentes com novelas internacionais do que o costume na América Latina), a novela foi uma das novelas diurnas de maior audiência da história. Em 2005, a novela não raramente superava todas as ofertas de horário nobre dos principais canais apesar de ser exibida no comecinho da tarde. Na Espanha, a novela causou um furor nunca antes visto em relação a uma novela latina. Em audiência, com exceção de Betty a Feia, nenhuma produção vindo da América Latina tinha atraído audiências tão altas desde meados dos 90. No México, a adaptação local, Fuego en la Sangre, atualmente no ar, é a novela de maior audiência no país desde nada menos que A Usurpadora, de 1997 (a adaptação mexicana é HORROROSA, alias).
O único porém dessa novela é que, diferente de Betty, precisa de uma produção mais elaborada. E, em quanto em Betty todo o charme da trama está na protagonista, que tem vida própria e depende pouco da atriz que a interpreta, em Gavilanes é necessário atores carismáticos nos papéis principais, já que esse é grande parte do apelo da novela.
A Band adaptara a novela. Esse canal faz boas escolhas na hora de comprar formatos, como ficou provado com CQC, outro formato que eu apostaria. Alias, vale destacar que se a Globo não fosse metidinha, a produção argentina (CQC) funcionaria as maravilhas na grade da emissora, muito melhor do que na da Bandeirantes.
Se o casting for bem feito (o que ja vai ser um desafio para a Bandeirantes), a novela com certeza aumentara bastante a audiência do canal. Porém, por maior que seja o sucesso, será MUITO díficil a novela alcançar a audiência que ela realmente mereceria. Numa emissora maior como a Globo ou a Record, a novela arrasaria sem a menor duvida.
Outra novela latina que arrasaria no Brasil adaptada: Café, com Aroma de Mulher. A diferença de Pasión de Gavilanes, essa teve bastante sucesso em sua versão original aqui no Brasil (onde foi exibida em 2001, anos depois de sua exibição original). Café também tem uma trajetória impecável, tanto em sua versão original quanto em suas duas versões mexicanas (Destilando Amor, uma das audiências mais altas da Televisa no século 21 e Cuando Seas Mia, um dos maiores sucessos de audiência da TV Azteca).
A diferença entre as novelas mexicanas e as novelas colombianas: as colombianas funcionam MUITO bem adaptadas. As mexicanas não. Além disso, enquanto os roteiros mexicanos são cheios de clichês e detalhes ridiculos, os roteiros colombianos são muito mais coesos, coerentes e interessantes (apesar do orçamento das novelas costumarem ser baixos).
Sin Tetas no Hay Paraíso
Esses colombianos são realmente bons com títulos catchy: Café com Aroma de Mulher, Betty a Feia e agora Sin Tetas no hay Paraíso.
Baseado num livro aclamado, essa história sobre uma garota pobre que, desesperada por uma vida de luxo, se envolve em prostituição de luxo. Cheia de narcotraficantes, policias corruptos e mocinhas pobres fazendo tudo por dinheiro (a protagonista acredita que a felicidade se traduz a proteses de silicone, daí o título), essa trama colombiana cairia como uma luva na realidade brasileira.
A Record que não é boba já comprou os direitos.
Atualmente, a mini-série tem duas adaptações no ar: a novela hispano estado-unidense Sin Senos no hay Paraíso (da Telemundo) e o seriado espanhol Sin Tetas no hay Paraíso, da Telecinco.
A adaptação espanhola também é um enorme sucesso na Peninsula. Ela é adaptada para a realidade local, então nada de miséria, favela, policiais corruptos ou garotas miseraveis. A protagonista é uma garota de classe média que se apaixona por um narcotraficante galã e faz tudo por amor: se prostitui, se mete em corrupção, etc. A série na Espanha é bem mais direcionada a adolescentes mas os roteiros cativantes conquistaram mulheres e homens em literalmente todas as faixa-etárias e o ator que interpreta o narcotraficante galã, Miguel Angel Silvestre, é o sonho de 8 em cada 10 mulheres espanholas.
Outra opção é fazer uma adaptação que é um mix das duas versões: mantendo a miséria, a corrupção, o trafico mas dando uma pincelada teen que funcionou muito bem na Espanha para conquistar o público (não só o adolescente, vale destacar).
A versão colombiana foi um mega sucesso e a sua aceitação tem se repetido na América Latina toda. A sua versão da Telemundo, atualmente no ar apenas nos EUA, tem tido audiências mais altas a cada capitulo.
Got Talent
Esse formato seria PERFEITO para a Globo. Poderia ir ao ar em qualquer horário noturno com boas audiências. Teria ótimo Ibope na linha de show, depois da novela, mas também seria perfeito para o horário após o Fantástico.
Claro que sempre tem o perigo deles usarem mal, como quadro do Faustão, mas acho que os diretores da Globo não seriam tão burros assim.
O formato é simples e conhecido: o programa percorre o país inteiro atrás de pessoas incrivelmente talentosas. Pode ser QUALQUER talento. Três juízes votam se o concorrente passa ou não para a próxima fase até que os finalists começam a se apresentar semanalmente e ser eliminado pelo público, até que sobra apenas um ganhador.
É bem mais divertido do que outros formatos de talento como American Idol, The X Factor ou Operación Triunfo. E está causando sensação mundo afora: na Inglaterra, na Argentina ou nos Estados Unidos, o programa tem marcado números excelentes.
E é um formato conhecido porém totalmente efetivo, totalmente divertido e que é assistido por toda família junta.
Globo, COMPRE ESSE FORMATO AGORA! Chega de se apoiar apenas no Big Brother. Alias, essa linha de show precisa de uma repaginada ASAP.
Dica: a versão inglesa tem edição e produção impecável, então a boa é não se espelhar na versão americana (como é costume) e sim nessa.
CONTINUA
Na próxima coluna "Formatos que os canais brasileiros deveriam comprar": o criador argentino cujos formatos foram disputados a tapa nos EUA, a família espanhola que tem tudo para dar certo por aqui, um reality show americano totalmente bizarro e até mesmo uma novela japonesa.
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